segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A GRANDE PEGADINHA

Meu nome é Linguiça, sou um menino de 15 anos. Tamanho médio, cabelo preto, muito magro e moreno.
Tenho um segredo muito ruim para contar.


Adorava pregar peças nas pessoas. Tinha vários objetos que colecionava para usar nas minhas pegadinhas.


Morava com meu pai.


Minha mãe está morta há dois anos. Segundo o médico da cidade, ela morreu por veneno de cobra. Ela trabalhava na lavoura.


Meu pai até que era legal, mas depois que minha mãe morreu ele mudou muito. Ficou rabugento e não tinha paciência comigo.


Ele era barbeiro e a barbearia ficava do lado da minha casa.


Tudo começou na minha casa, quando discutia com meu pai, depois de mais uma pegadinha e mais uma reclamação.


_ Pai, você não pode tirá-los de mim!


_ Posso sim!


_ Como voe fazer minhas pegadinhas sem as minhas coisas?


_ Fácil, não faça.


Quando ouvi aquilo me deu raiva e desgosto contra meu pai. Depois que meu pai foi trabalhar, fui no quarto dele pegar minhas coisas de volta, escondido, sem que ele soubesse.


Por vingança, pelo que meu pai fez, armei uma pegadinha para ele.


Minha casa ficava no alto de um morro e tinha uma escadaria na entrada. Depois da porta, havia uma sala grande, com uma lareira e muitos sofás.


A pegadinha era a seguinte: deixei um balde com água em cima da porta, com gelo dentro. Era a melhor que eu pensei.


Na entrada da minha casa coloquei um bilhete:


"Pai, te odeio profundamente, por ser tão rude comigo."


Depois, me escondi atrás do sofá, perto da lareira.


Ele leu aquilo e foi entrando na casa, nem viu a porta levemente aberta.


O balde caiu certinho na cabeça dele.


Comecei a rir dele, ouvi um barulho, saí de trás do sofá e corri até a porta.


Quando vi meu pai, desesperei. Havia esquecido da escadaria.


Fui socorrê-lo, pensando que ele havia só se machucado, mas não.


Ele estava banhado em sangue. Olhei para o corpo do meu pai sem saber o que fazer.


Eu havia matado meu pai.


Quando me dei conta, eu vi o Senhor Jacinto chegando, a pessoa mais chantagista de todas. Ele era um homem rude, sempre mal-humorado, ninguém sabia o motivo de tantas chantagens.


Apesar de tudo isso, ele era amigo do meu pai e sempre passava para conversar.


Disse a ele:


_ Isso não é o que você está pensando.


_Você matou seu próprio pai... Como teve coragem de fazer isso?


Comecei a implorar para ele não falar nada.


Ele disse só uma coisa:


_ Com uma condição.


_ Qual?


_ Você terá que virar um ladrão para mim.


Eu tive que aceitar e roubava todas as lojas e casas de noite.


Não sinto orgulho pelo que eu fiz, me sinto envergonhado.


Toda vez que vou dormir, eu vejo o corpo do meu pai ensangüentado.